sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Curitiba (PR): Dieese: metalúrgicos da Renault e Volvo conquistam maior acordo salarial da indústria em 2009

Após greve, trabalhadores do Paraná garantiram 100% do INPC, 3% de aumento real e mais R$ 2 mil de abono pagos já nessa semana.

Os seis mil trabalhadores das montadoras Renault-Nissan e Volvo, ligados à Força Sindical, conquistaram hoje (16) o maior acordo salarial registrado na indústria brasileira no ano de 2009, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese). Na primeira greve após a crise financeira mundial, a mobilização dos metalúrgicos do Paraná garantiu 3% de aumento real mais a correção de 4,44% referente à inflação acumulada nos últimos 12 meses, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - totalizando 7,57% - mais um abono de R$ 2 mil para cada trabalhador a ser pago já nessa semana.
Na Renault-Nissan, os trabalhadores têm a garantia de mais 1% de aumento real conquistado na data-base do ano passado - ao todo, então, vão receber 8,65% de aumento salarial. Em ambas as montadoras, os reajustes serão aplicados no mês de setembro. Na Volvo, os metalúrgicos conquistaram também estabilidade de emprego até 2 de dezembro. As propostas de acordos foram aprovadas por unanimidade em assembléias na manhã de hoje (16), dando fim à greve de oito dias na Renault e um na Volvo. Os dias parados não serão descontados: irão para o banco de horas.
Em comparação ao acordo assinado com as montadoras na região do ABC Paulista, por exemplo, o acordo fechado no Paraná teve aumento salarial 50% maior e abono 33% maior. "Essa foi uma conquista importante que certamente vai influenciar positivamente as campanhas de outras categorias em todo o Brasil, servindo de referência para as negociações salariais no segundo semestre", afirma o economista técnico do Dieese, Cid Cordeiro.
Com a greve iniciada em 4 de setembro, a Renault deixou de produzir 6.240 veículos. Já na Volvo, o prejuízo foi de 24 ônibus e três caminhões.
Com mobilização, proposta salarial avançou 152%
Em comparação à primeira proposta feita pelas montadoras no início da mobilização, o acordo aprovado hoje é 152% maior, informa o Dieese. Enquanto a oferta inicial injetaria R$ 15 milhões na economia do Estado, a proposta de hoje injeta R$ 37 milhões. "Importante ressaltar que caso aceitássemos a primeira proposta, essa diferença de R$ 22 milhões iria para o exterior, como remessa de lucros, e não ficaria no nosso Estado, aquecendo a economia local", ressalta o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka. Conforme o Dieese, o avanço obtido com a mobilização representa, em média, R$ 3,7 mil por ano a mais para cada trabalhador.
Volks-Audi continua parada
Diferente da Renault-Nissan e da Volvo, a Volkswagen-Audi não apresentou nenhuma nova proposta salarial aos seus 3,5 mil metalúrgicos, fazendo com que a greve entrasse no seu 11º dia. Desde 3 de setembro, quando iniciou a paralisação, a montadora alemã já deixou de fabricar 8.960 veículos. Hoje, às 16h, SMC e Volks se reúnem para a terceira audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Amanhã, dia 17, às 14h, tem nova assembléia em porta de fábrica.
Greve ponto a ponto
03 de agosto – SMC debate pauta de reivindicações em Seminário de Planejamento Estratégico
10 de agosto – Pauta de reivindicações é aprovada em assembléia na sede central do SMC
11 de agosto – Em assembléia em porta de fábrica, metalúrgicos da Volks-Audi, Renault e Volvo referendam pauta de reivindicações
18 de agosto – Definidas reuniões de negociação com o Sinfavea (sindicato patronal) para os dias 24 e 25 de agosto
24 de agosto – SMC e Sinfavea discutem calendário de negociações
25 de agosto – Assembléias em porta de fábrica decidem que negociações podem ser com Sinfavea, mas acordos tem que ser assinados por empresa
26 de agosto – Sinfavea aceita assinar acordos em separado
27 de agosto – Sem avanço nas negociações, SMC rompe com Sinfavea e começa a negociar empresa por empresa
31 de agosto – Em reunião com o SMC, Renault oferece R$ 1,5 mil de abono, 100% do INPC e 1% da data-base de 2008
1º de setembro – Assembléia na Renault rejeita proposta da empresa. Metalúrgicos dão prazo até 03/09 para negociação avançar
02 de setembro – Volks-Audi se reúne com o SMC, mas não apresenta nenhuma proposta de reajuste. Nova reunião é marcada para 04/09
03 de setembro – Em assembléia, metalúrgicos da Volks decidem não esperar reunião do dia 4 e entram em greve por tempo indeterminado
03 de setembro – Renault apresenta nova proposta: 100% do INPC e abono de R$ 1,5 mil em setembro
04 de setembro – Metalúrgicos da Renault rejeitam nova proposta da empresa e entram em greve.
04 de setembro - Greve na Volks-Audi entra no segundo dia. Empresa cancela negociação que havia agendado com o SMC.
05 de setembro – Terceiro dia de greve na Volks-Audi e segundo na Renault.
08 de setembro – Quarto dia de greve na Volks-Audi e terceiro na Renault.
09 de setembro – Quinto dia de greve na Volks-Audi e quarto na Renault.
09 de setembro – Em reunião com o SMC, Volvo oferece 100% do INPC e abono de R$ 1,5 mil em setembro.
10 de setembro – Em assembléia, metalúrgicos da Volvo rejeitam proposta da empresa e param em protesto por uma hora.
10 de setembro – Sexto dia de greve na Volks-Audi e quinto na Renault.
11 de setembro – Em audiência de conciliação com o SMC no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Renault oferece 100% do INPC e R$ 1,5 mil de abono, sem aumento real. Volks não apresenta nenhuma proposta.
11 de setembro - SMC e Volvo se reúnem para nova rodada de negociação.
14 de setembro – Renault apresenta proposta diferente da discutida no Tribunal. Em assembléia, porém, os metalúrgicos rejeitam os 100% do INPC e 2% de aumento real em setembro, R$ 1,5 mil de abono também em setembro e 1% pendente da negociação de 2008 para agosto de 2010.
14 de setembro – Assembléia na Volvo rejeita R$ 2 mil de abono em setembro e 100% do INPC + 2% de aumento real em outubro. Trabalhadores dão prazo de 24h para proposta avançar.
15 de setembro – Volvo mantém o mesmo abono e antecipa aumento para setembro. Trabalhadores não concordam e entram em greve. Mesma proposta é rejeitada na Volks e Renault.
15 de setembro – Negociação com a Volks e Renault no TRT não avança. Greve continua.
16 de setembro – Trabalhadores da Volvo e Renault aceitam 3% de aumento, 100% do INPC e R$ 2 mil de abono em setembro. Greve de oito dias na Renault e um na Volvo é encerrada. Na Renault, metalúrgicos têm garantido ainda 1% de reajuste pendente da negociação de 2008. Dias de greve vão para o banco de horas dos trabalhadores.


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