segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Outubro, um mês de memória viva!

Poderíamos ao chegar neste mês falar da Revolução Russa, que resultou na União Soviética (URSS), e defendida por muitos como o maior gesto de mobilização humana, em que um país arcaico se tornou potêncial mundial com o Socialismo.


Mas aqui iremos voltar nossos olhos para o continente mais pobre do mundo, o latino americano, e onde nasceram duas pessoas as quais temos como inspiração para nossa luta, o guerrilheiro Ernesto Che Guevara de La Sierra, e outra a mais recente companheira que tombou, a cantora e lutadora Mercedes Sosa a qual não poderíamos deixar de citá-la em forma de agradecimento e homenagem.


Para o eterno combatente da Revolução Cubana, e da tentativa de libertações de outros povos, tivemos o prazer de conhecer este poema, Saudação a Che Guevara, escrito em outubro de 1968, por Manoel de Andrade para comemorar o primeiro ano da morte do CHE, na Bolívia, teve suas 3.000 cópias panfletadas em ambientes estudantis e sindicais, no fim daquele ano, de Curitiba. Alguns panfletos foram aprendidos pelo DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social) e seu autor, passou a ser procurado. Em razão disso deixou o Brasil em março de 1969 iniciando sua trajetória poética ao longo de 15 países da América Latina. Em outubro de 1969 a Federación Universitária de Cochabamba, na Bolívia, publica o poema em centenas de exemplares de um cartaz anônimo, ilustrado com a arte de Atílio Carrasco (ver http://palavrastodaspalavras.wordpress.com/2009/10/08/saudacao-a-che-guevara-de-manoel-de-andrade-curitiba/saludo-a-che-guevara/). Só agora, 40 anos depois, é que este poema, que correu o Continente, nas várias edições, em espanhol, do seu livro POEMAS PARA A LIBERDADE, aparece no Brasil editado este ano.
A foto mostra Cristina Kirchner e Mercedes Sosa em uma atividade que lembrava os 30 anos da morte de Che, e retrata a continuidade da luta dele, de Sosa e do povo argentino na pessoa de sua Presidente Cristina. Abaixo a poesia:

SAUDAÇÃO A CHE GUEVARA

No sonho da liberdade
onde cada mártir renasce,
onde não há homem sem terra
onde não há povo sem face,
num tempo, gesto de sangue
no sangue, gesto de amor,
no amor de quem se deu
como um perfume de flor
e nessa flor de montanha
aberta pro continente
nesta beleza tamanha
na minha fé deslumbrante
tu estás meu Comandante
numa saudade bem clara
dos que morrem e que renascem
contigo, Ernesto Guevara.
.
No nosso ódio indigesto
na voz da conspiração
na passeata de protesto
em cada homem sem pão
em cada cidadão livre
que é metralhado na rua
no seio de cada greve
no salário de quem sua
na opressão e na fome
nesse mal que nos consome
como farol claro e forte
surge tua imagem, teu nome
teu braço de guerrilheiro
como um fuzil justiceiro
nos apontando o roteiro
em busca da liberdade.
.
Nas pátrias negociadas
desta América sofrida
na ditadura instalada
na terra não repartida
em toda prisão injusta
em todo estudante morto
em cada homem sem rosto
de quem outro vive à custa
no estômago agonizante
nos punhos que desabrocham
pra rubra flor do combate,
tu estás, meu Comandante.
.
Enquanto a noite se escorre
na garganta da ampulheta
as gerações se preparam
para a estação da colheita.
A semente está brotando
na flor da revolução
e a consciência do povo
vai tomando posição.
Tu semeaste a bom tempo
os grãos dos frutos por vir
que levados pelo vento
no estampido dos metais
brotam nos campos ao sul
das terras continentais.
.
Adios, adios, hasta siempre
meu imortal Comandante,
na terra há flores se abrindo
no peito a fé triunfante
no tempo um caminho aberto
e nele os homens sorrindo
num largo gesto de hermano
na busca de um mundo novo
da pátria purificada
para a alegria do povo.

Curitiba, Outubro de 1968

UPES

Da Rua Marechal Mallet,250. Gracias Mercedes Sosa!

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