quarta-feira, 7 de julho de 2010

UBES considera que rebaixar o papel do ensino médio não é a saída

No final do último mês de junho, o Ministério da Educação (MEC) divulgou a informação de que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) poderá ser feito por adultos que nunca cursaram ou até mesmo não concluíram o Ensino Médio. Desta forma, caso o candidato some a pontuação mínima - 400 pontos nas quatro áreas de conhecimento e 500 na redação - o candidato terá direito ao certificado automaticamente.

Por mais que essa prática já fosse utilizada de uma forma ‘velada’, oficializá-la nada mais é do que assinar um atestado de incompetência, já que o ensino médio não foi criado somente para preparar o aluno para ingressar na universidade, mas também, para que no ambiente escolar o cidadão adquira uma gama de conhecimento cultural que será importante não só para essa, mas para todas as fases da sua vida.

Dados recentes do Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – revelaram que, no ano de 2009, houve um crescimento de apenas 0,1% em relação a 2008 na nota que avalia o aproveitamento do aluno no E.M, ficando em 3,6.

É evidente que o índice apontado pelo Ideb só prova o que já era conhecido. Os números são justificados pela falta de interesse nas aulas por parte desses estudantes, fruto de uma má elaboração do planejamento de aulas e má remuneração do profissional de ensino.

Outro fator preponderante para que os estudantes deixem a escola é a necessidade que o indivíduo tem de ingressar por vários motivos, geralmente sociais, no mercado de trabalho.

O jovem, no anseio de trabalhar e ajudar na sua renda familiar acaba abdicando do seu direito à educação por uma questão bem simples: o acesso a empresas que disponibilizam funções que não necessitam de mão de obra qualificada e a falta de estímulo dentro do ambiente escolar. Não somos contra a inclusão do jovem no mercado de trabalho, alías, esse é o caminho. No entanto, ele deve ser trilhado através da educação.

Em tese o E.M. tem a nobre função de preparar o jovem para o “vestibular”. No entanto, o que se vê são alunos inseguros e despreparados, que buscam cursinhos especializados para que, assim, tenham chances iguais de “brigar” por uma vaga em uma universidade de qualidade.

No final do ano passado, o Congresso Nacional promulgou a Emenda Constitucional n°59 que determina, enfim, a ampliação da obrigatoriedade do ensino a todas as etapas da educação básica no país. Com isso, a emenda prevê a universalização, sem exceção, do atendimento na educação infantil e no ensino médio, aumentando a obrigatoriedade de matrícula não mais dos 6 aos 14, mas para alunos entre 4 e 17 anos.

Com isso, a decisão do MEC de utilizar o ENEM como instrumento de certificação comprova o descumprimento de uma luta que o movimento educacional travou pela emenda 59, que tem como principal finalidade estimular a permanência e a qualidade do ensino para que o estudante adquira não só capacidade intelectual, mas um projeto de vida que possa render, a ele e a sociedade, frutos no futuro.

União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

União Paranaense dos Estudantes Secundaristas

Fonte: www.ubes.org.br

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